quarta-feira, 13 de junho de 2012

Que...


Ele olhava para os lados enquanto andava. Pessoas, muitas delas, de todas as cores, tamanhos, credos, em todos os sentidos e direções. Algumas seguindo em direção a suas razões de estarem ali, outras procurando razões para seguir pra onde quer que estivessem indo, outras simplesmente estando ali, sem motivo mesmo. "Como eu", pensou. Pensou, mas continuou andando, naquele conjunto de extensos corredores cheios de janelas, onde a única paisagem que se vê é o abismo onde se pode trocar seu dinheiro por algo que raramente é, de fato, útil. Entrou em uma loja de música, e por um leve momento admirou a existência de uma loja que o interessava, voltando à realidade assim que notou que não tinha o que gastar.
Voltando à sua peregrinação, a voz de sua mente se confundindo às outras centenas que ecoavam numa melodia indistinta; ele gostava disso, desse caos... gostava de imaginar o que eles estavam pensando, do homem de terno à mulher mal educada do ônibus. Chegou a esquecer por que de fato estava ali, por um momento, quando lhe veio à cabeça que poderia estar atrasado. Sacou seu celular surrado do bolso, mas a janela não se acendeu. Tentou duas, três vezes consultar o aparelho antes de se dar conta que a bateria estava descarregada. Sem se importar com o fato de estar rodeado de pessoas, deixou um "Que merda" escapar. Frase útil, por sinal... com ela ele podia resumir vários momentos dos seus últimos dias. "Que merda".

Um comentário: