quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cantar ou não cantar, eis a questão

Teria sido um dia normal, se ele não tivesse cantarolado. Ele tinha essa mania, de cantar quando se sentia só... às vezes alto, às vezes bem baixinho. O fato é que dessa vez, algo o surpreendeu: ele, que achava que sempre cantaria solitário, que achava que talvez fosse o único conhecedor da canção, se viu acompanhado por uma outra voz, atraente como o canto de uma sereia, contagiante como um brado de guerra, bela como a melodia do mais delicado violino.
A princípio, ele apenas a admirou. As coisas sempre aconteciam para ele no seu tempo, e ele aproveitava o dele como se fosse durar para sempre. "Coisas belas devem ser admiradas, afinal!", ele dizia. Não demorou até a curiosidade fazer com que o indivíduo saísse em busca da origem de seu fascínio, e que se fascinasse ainda mais, não se sabe bem porque. Ou se sabe, e simplesmente não se fala. Há assuntos que não podem estar entre lábios, nem na ponta de uma caneta.

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